Cinzas do Holocausto
Oriza Martins
"Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me, Vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!"
(Castro Alves - Navio Negreiro)
Banalidade do mal,
Um retrocesso, imoral,
Pensou a Poeta, um dia...
E veio à tona o temor
De, ante tanto desamor,
Não haver mais poesia.
Como pensar poesia
(Que a luz humana irradia),
Diante de tal horror?
Tormento que assola a gente,
Que torna o ser impotente,
Perplexo, puro estupor?
Como entender tanta injúria,
Tanta atividade espúria,
Maldosa, feroz, insana?...
A revelação mais dura
Da face mais obscura
Da natureza humana...
Quantas ilusões perdidas,
Infâncias interrompidas,
Esperanças decepadas...
Quantas lúbricas medidas
Transformando sobrevidas
Em almas atormentadas...
Infelizmente herdamos
Todos nós, que aqui estamos,
Esse espólio de maldade.
Como vítimas de um Fausto
Sobre as cinzas do Holocausto,
Caminha a Humanidade.
Mas podemos, conscientes,
Eliminar as sementes
Que a intolerância traz.
Acabar com toda guerra,
E reinventar a Terra,
Dar-lhe um futuro de paz...
Semear fraternidade,
Colher só felicidade
E combater toda dor...
Abrir coração e mente,
Batalhando, simplesmente,
Nas trincheiras do amor...
Defender a liberdade
Não deve ser, em verdade,
Mera preocupação.
Combater a injustiça
Tem de ser uma premissa,
Verdadeira obsessão.
O inferno do Holocausto,
Algoz, fruto da infâmia,
Não pode ser repetido!
E justamente por isso
Não pode - e não deve - ser
Nunca, jamais, esquecido!
fev/2007
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